Com o lançamento do Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD), os sistemas fotovoltaicos no Brasil ganharam grande visibilidade e mercado. Porém, algo que falta crescer na mesma proporção é o cuidado com a segurança – afinal, estamos no país do famoso “gato” de energia elétrica, não é mesmo?
Essa cultura de falta de preocupação com a segurança em sistemas fotovoltaicos precisa ser revista urgentemente. A seguir, explicamos tudo que você precisa saber antes de instalar seu sistema solar fotovoltaico. Vamos lá?
Sistemas fotovoltaicos são seguros?
A segurança de um sistema fotovoltaico é determinada por um conjunto de 18 fatores principais. A forma de testar esses elementos constam no teste IEC 61215, uma norma internacional que visa a trazer maior confiabilidade aos sistemas solares.
O produto deve ter, no mínimo, a certificação Inmetro para poder ser comercializado no Brasil. Entretanto, a certificação IEC 61215 é considerada mais ampla. Isto é, recomenda-se que, antes de comprar, você verifique se os componentes do sistema fotovoltaico tenham essa certificação.
Os elementos testados em um sistema fotovoltaico pelo teste IEC 61215 são:
- Inspeção Visual, que busca verificar se o equipamento tem danos visíveis ou problemas na manufatura.
- Flash Test, que é um teste de desempenho, medindo potência, eficiência, tensão e corrente. Aliás, este é o único teste que o Inmetro exige.
- Resistência de Isolamento, que consiste em um teste de segurança para avaliar se o módulo do sistema fotovoltaico tem isolamento elétrico suficiente.
- Teste Molhado de Fuga de Corrente, que avalia a segurança contra entrada de umidade e o consequente perigo de choque elétrico em circunstâncias como neblina, chuva, entre outras.
- Coeficientes de Temperatura, que simula o rendimento do módulo em clima quente.
- Desempenho do Módulo em STC e NOCT, que analisa o comportamento ao ser submetido a carga em duas situações: STC (Condições Padrões de Teste) e NOCT (Temperatura Nominal de Operação da Célula).
- Temperatura Nominal de Operação da Célula (NOCT).
- Exposição em Baixa Irradiância, que avalia o desempenho em condições de baixa luminosidade.
- Exposição ao Ar Livre, que analisa a habilidade de o sistema fotovoltaico aguentar a exposição ao ar livre.
- Resistência de Hot Spot, um teste térmico que avalia a resistência do módulo a aquecimentos localizados por causa de rachaduras em células, sombreamento, sujeira ou falhas na interconexão.
- Resistência UV (Ultravioleta), que avalia a degradação por raios UV.
- Ensaio de Ciclagem Térmica, outro teste térmico que simula mudanças abruptas de temperaturas extremas (200 ciclos).
- Umidade & Congelamento, mais um teste térmico que analisa um ciclo de aquecimento e congelamento de 85 °C a -40 °C com 85% de umidade relativa.
- Damp-Heat (DH1000), um teste de resistência que avalia a vida útil. É o mais severo, mas é uma das principais formas de avaliar a garantia padrão informada por fabricantes.
- Robustez de Terminações, um teste mecânico que simula a montagem e manipulação do módulo.
- Carga Mecânica, que consiste em um teste de resistência para determinar se um módulo suporta vento, neve, gelo, cargas estáticas, etc.
- Resistência Contra Granizo.
- Ensaio Diodo Bypass, um teste térmico que analisa o comportamento do sistema sob condições específicas de hot spot, o que interfere diretamente no desempenho do módulo.
No Brasil, quem certifica painéis solares é grupo internacional TÜV Rheinland. Assim, sistemas fotovoltaicos que foram aprovados nesse teste rigoroso são considerados seguros e adequados para padrões de segurança de países como Japão, Alemanha e Estados Unidos.
O que diz a lei sobre segurança do trabalho em projetos de sistemas solares?
Outro aspecto muito importante da segurança em sistemas fotovoltaicos é a manipulação e instalação deles. Em outras palavras, a segurança do trabalho.
No Brasil, algumas das normas regulamentadoras trabalhistas que tratam de segurança do trabalho em instalações elétricas são:
- NR 6, que indica todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) necessários para o desempenho seguro da função de eletricistas.
- NR 10, que regulamenta e estabelece requisitos e condições mínimas da implementação para garantir a segurança e a saúde de quem trabalha com serviços que envolvam eletricidade em geral.
- NR 11, que trata do transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais.
- NR 12, que regula a segurança do trabalho em máquinas e equipamentos.
- NR 35, que regulamenta os requisitos mínimos de proteção para o trabalho em altura.
É importante observar que essas são apenas algumas das normas que valem para o trabalho com sistemas fotovoltaicos, mas pode haver mais.
Para garantir a segurança em sistemas fotovoltaicos, verifique sempre o site do Ministério do Trabalho para ver se houve alguma alteração nas normas regulamentadoras e observe as certificações do equipamento. O atendimento a essas regras não é mera chateação. Quem trabalha com eletricidade está exposto a perigos muito grandes, inclusive riscos graves, tais como flashes de arco elétrico (queimaduras graves), choque elétrico, queda e outros ferimentos, e até morte. Similarmente, um sistema mal instalado, mesmo que seja certificado, pode trazer riscos de choques elétricos e até mesmo de incêndios.
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